segunda-feira, maio 24, 2004

Aventura ciclística em São Francisco de Paula-RS

Alguns membros da comunidade ciclística bike-rs que são mais afoitos a trilhas, planejaram uma aventura entre São Francisco de Paula e Riozinho por caminhos insólitos, ou seja, os piores e mais horríveis possíveis.

Partimos de Porto Alegre em direção a São Francisco de Paula em dois carros transportando cinco bicicletas. A viagem foi tranqüila, os assuntos durante a viagem foram obviamente peças de bicicletas e antigas aventuras ciclísticas.

Ficamos na casa dos avós do Rodrigo, dormimos no sótão depois do pessoal fazer testes drive da suspensão dianteira Manitou Black da bicicleta importada do Rodrigo. Falamos mais um pouco sobre outras peças de bicicleta e mais algumas aventuras ciclísticas.

Estava bastante frio, dormi sob vários cobertores. O peso deles somado à ansiedade pela hora da partida me fazia perder o sono.

Acordamos mais tarde do que o previsto. Tomamos um farto café da manhã, para depois começarmos o pedal.
Coloquei a mochila pesada do exército nas costas contendo roupas, água e alimentos, subi na sundown leader, e fui.















Atravessamos a cidade, entramos no asfalto que vai a Cambará, pedalando num ritmo forte. Logo adiante pegamos uma estrada de terra que vai às localidades de Caconde e Boa Esperança.
Nessa estrada trocamos de bike uns com os outros. Andei na bicicleta do Rodrigo. Era tão diferente da minha que parecia andar sozinha, como se tivesse um motor silencioso. Pela primeira vez pensei em me desfazer da sundown leader.

Após passarmos pela fazenda Violeta entramos em terras particulares, num labirinto de caminhos entre pinheirais, cheio de pedras, buracos e galhos secos. Foi num trecho desse labirinto que a roda traseira da sundown afrouxou. Constatamos que o eixo tinha quebrado. A avaria não tinha conserto naquelas bibocas. A saída foi dar meia volta e voltar.
- Sigam o pedal que eu encontro vocês em Riozinho logo mais no final da tarde.

Já tínhamos pedalado 20 kilômetros. Tentei voltar pedalando lentamente, mas o câmbio traseiro entrou no meio dos raios e transfigurou a roda na forma de um oito.

Descobri que tenho senso de orientação espacial pois mesmo sem GPS consegui achar a saída do labirinto. Se me perdesse no meio dos pinheirais com a bike de arrasto, a aventura seria mais tragicômica.
Entrei na estrada de chão principal e fui caminhando quase arrastando a bicicleta. A roda traseira estava meio travada.
Às vezes dava vontade de tirar as duas rodas e levar só o quadro para casa, outras vezes tinha vontade de abandonar rodas e quadro por ali mesmo, porque aquilo tudo pesava uns 20 kg. Passaram por mim algumas caminhonetas e caminhões, mas todos no sentido contrário ao que eu seguia.
Depois de muito tempo alcancei o asfalto. Custei a acreditar que tínhamos pedalado tudo aquilo em tão pouco tempo.
-Já que empurrei a bike até aqui, vou até o fim. Falta pouco.

Entrando em São Chico parei numa pequena oficina de bicicletas, onde um velho perguntou se eu queria arrumar a bicicleta. E respondi que não.
-Quero vender para o senhor.

Infelizmente o velho não quis comprar. Se naquela hora se ele me oferecesse 50 reais, eu fechava negócio.
Larguei a bike na casa do Rodrigo e fui almoçar com fartura no Ding’s bar. Depois peguei um ônibus até Taquara.
Ao chegar em Taquara senti que ao descer a serra a temperatura tinha aumentado no mínimo uns 05 graus.
Logo peguei um outro ônibus para Riozinho. Fui para a pousada onde iríamos ficar. Lá estava o carro de apoio, minha esposa e filha.

Dei umas voltas pela cidade, escureceu, e nada do pessoal chegar.
Por volta das oito horas eles chegaram podres, podres. Largaram as bikes na calçada e sentaram no meio fio.
Cada qual tinha uma versão da história para contar. O Edgardo havia detonado o câmbio traseiro, o Rodrigo tinha caído um tombo dentro d’agua, perdendo as luvas térmicas e encharcando a máquina fotográfica digital, o Helton e o Cleber saíram ilesos apesar de algumas quedas.

Tomei uns mates e fui até São Chico buscar minha bike e levar o Rodrigo e o Cleber. Os assuntos durante a viagem obviamente foram peças de bicicletas e mais outras aventuras passadas e futuras. Voltei à pousada com a sundown leader no trans-bike, caí na cama e dormi profundamente.

No dia seguinte acordamos tarde e fomos procurar um lugar para almoçar. Descobrimos que num vilarejo distante alguns quilômetros de Riozinho, estava acontecendo uma festa colonial. Entramos no carro e pegamos umas estradas de terra até o alto duns morros, havia uma igreja e um salão paroquial lotado. Entramos na festa. Churrasco e saladas. Comida boa, cerveja gelada.
Tinha musica ao vivo, um conjunto local estava animando a festa. Dancei com minha esposa entre uma multidão de caras alegres.

De tarde socamos as três bicicletas dentro do Palio 1.0 e retornamos os cinco a Porto Alegre. Voltei já com um orçamento da minha futura bike feito com esmero pelo Rodrigo. Depois de experimentar na bike dele e sofrer todo aqueles percalços a pé, quero uma importada com cubos shimano deore.