sábado, junho 12, 2004

Subida do Ferrabrás

Nesta última quinta-feira alguns membros da comunidade ciclística virtual bike-rs que são mais afoitos à trilhas decidiram encarar até furacão para subir o morro Ferrabrás em Sapiranga-RS, terra dos Mukers.
Saimos eu, o Adonai, o Rodrigo e o Fabiano rumo a Sapiranga às 7:30 da manhã com 3 bikes no carro.
A princípio o céu estava com umas nuvens coloridas, com alguns rasgos por onde se via o sol, estávamos dispostos a tudo, até a enfrentar um desses ciclones extratropicais que agora estão na moda.
Iríamos pegar a bike do Fabiano na loja do Beto em N. Hamburgo. Ao chegarmos na loja, as nuvens já estavam cinza-escuro. Quando o Fabiano recebeu das mãos do Beto sua bike reluzindo de tão limpa e olhou para o céu, disse: Fico! E ficou mesmo ali pelo Beto.
Quando chegamos à Sapiranga, já estava chovendo. Nos encontramos com o Alberto, que nos esperava num posto de gasolina na entrada da cidade.
A chuva aumentou. Fomos para a Associação de vôo livre abaixo de chuva e vento, dava até medo de descer do carro.
Mas enfrentamos tudo. Nos paramentamos numa parte coberta da Associação - eu e oAlberto vestimos uns sacos de lixo preto, o Adonai de camiseta, e Rodrigo de casaco. Partimos rumo ao alto do morro às 10 hs!

Eu tinha decidido a tomar uns mates lá em cima. Por isso levei cuia, bomba, meio quilo de erva, e uma garrafa térmica cheia de água quente entre outras coisas mais, tudo numa mochila de lona verde do exército, daquelas que quando encharcam ficam que nem pedra (na textura e no peso) No primeiro quilômetro começei a sentir um desconforto. Não parava, nem me ajeitava na bike, a roda da frente empinava, não sabia se pedalava de pé ou sentado. Havia algo estranho, eu não estava me enquadrando na bike nova.
O Alberto desapareceu na frente. Parecia um corvo, vestindo aquele saco preto. O Adonai seguiu atrás dele. O Rodrigo ia logo atrás de mim para poupar o joelho. Ao chegarmos lá em cima, com a língua arrastando no chão, custei a achar os dois, eles estavam simplemente encarando umas trilhas no meio do mato! Então fui tomar o chimarrão debaixo da chuva, pois chovia o tempo todo, até mesmo sob as árvores.
Depois de tomarmos uns mates, resolvemos descer logo porque o Alberto já estava louco de frio vestindo somente uma camiseta por baixo do saco de lixo.


A primeira etapa da descida parecia uma rampa de asa delta. Tinha um asfalto estreito com inclinação de uns 37 graus, que era semelhante a um um riacho. Nofim tinha uma curva de 90 graus. Quem seguisse reto com um guarda chuva, levantaria vôo.
Pois estávamos eu o Alberto e o Rodrigo descendo aquilo agarrados à bike loucos de medo, porque só o freio de trás não segurava, quando passa o Adonai nos costurando a uns 30 km/h!
Minha primeira impressão foi que ele tinha decidido se suicidar jogando-se do morro! Mas com uma agilidade incrível ele fez a curva e desapareceu!!! Só fomos encontrá-lo na Associação! Inteiro! Tirei o chapéu!
Era 11:15 hs e estávamos todos de volta ao sopé. Haviamos planejado de pedalar mais uns 48 km para trás do morro. Como chovia muito, fizemos uma votação, e a maioria decidiu suspender o passeio, pois alguém levantou a hipótese de pegarmos uma pneumonia.
Depois de um banho quente, e colocarmos roupas secas, nos mandamos! O Alberto foi para casa e nós três fomos direto à galeteria Primavera.
Depois de almoçarmos, quase não consegui me levantar de dor nas costas. Eu já tinha pedalado muito com mochila, até mais pesada, e nunca tinha sentido dores desse tipo!
Passei a noite com dor nas costas, de manhã então não podia nem andar. Pensei na próxima aventura ciclística selvagem, na qual teria de levar a moxila. Estava já pensando em desistir dela. Depois de muito pensar a respeito do porquê da dor nas costas, pois isso não acontecia quando andava de sundown leader cheguei a uma conclusão incontestável: O quadro!!!! O quadro da GT era muito curto! Por isso não me ajeitava na bike, tinha de pedalar em posição muito ereta com a moxila forçando a coluna, e isso fazia com que a roda da frente empinasse!
Hoje de tardezinha fui lá na Danda bike decidido a trocar de quadro nem que tivesse de comprar um novo, e fosse demorar dias, o que faria com que eu participasse do próximo passeio de bike na barra circular. Mas o pessoal da Danda bike deu um show de bom senso, profissionalismo e seriedade! Aceitaram trocar meu quadro mesmo depois de eu ter subido o Ferrabrás. Esclareceram que um quadro tamanho 18 pode ser curto, pois o número só tem a ver com a altura, e não com o comprimento. Pode existir quadro 20 extremamente curto! Além de trocarem meu quadro, vão me entregar o bike remontada em menos de 24 hs, cobrando apenas a diferença de preço dos quadros (vou trocar o quadro GT por um Schwinn Moab)